Gado Nelore
Jeru FIV Brumado - Grande Campeão Nacional
E A BOIADA DEU UM SALTO
“Os homens que foram à Índia, em 1962, eram grandes conhecedores de zebu. Trouxeram para o Brasil o que havia de melhor. Isso teve uma influência extraordinária no melhoramento do nelore. A boiada que pesava entre 13 e 14 arrobas, antes de 64, passou para 17-18 nos anos 70. Quem mais ganhou foi o Brasil.” Alberto Alves Santiago, autor do livro “Gado nelore - Cem anos de seleção”.
A genética da moderna pecuária tropical a céu aberto estava a bordo do navio Cora, em 1 de janeiro de 1963. Acabava de penetrar as águas brasileiras em direção a Fernando de Noronha, Pernambuco. Ali, desembarcaria um lote de 400 animais nelore, guzerá, gir, kangayan; além de búfalos, cabritos e galinhas. Os bovinos seriam decisivos na seleção das raças indianas.
Nenê Costa, Dr. Barison Vilares, Cito Castilho e Francisco José de Carvalho Neto (Chico) na Fazenda Hosur em Bangalore, junto a técnicos indianos.
Chico, Tetente, Dico, Nenê Costa, indiana, Dona Olinda e dois indianos na Fazenda Thambran, alugada pelos brasileiros para reunir os animais adquiridos na Índia.
Em pé: Arlindo Pereira, Nenê Costa, Joaquim Vicente Prata Cunha e Francisco José de Carvalho Neto. Sentados: José da Silva (Dico), Dona Olinda A. Rodrigues da Cunha e o indiano Kupsamin. Importadores de nelore na Índia.
Veríssimo Costa Jr. (Nenê Costa), Torres Homem R. da Cunha, Francisca Campinha Garcia e Rubico Carvalho, na homenagem dos 40 anos de importação.
Torres Homem Rodrigues da Cunha, Veríssimo Costa Jr. (Nenê Costa), Rubico de Carvalho, Jacinto Honório da Silva Filho e Celso Garcia Cid, importadores de 1962.
Dentre os exemplares escolhidos a dedo pela comitiva brasileira, que durante meses vasculhara aldeias indianas em busca do nelore puríssimo, estavam Godhavary, Gonthur, Chapathy e Goothy, adquiridos pela Fazenda Brumado. Além de 21 das 40 fêmeas importadas.
O Brasil acabava então de ganhar um patrimônio genético determinante na produção de animais de excelente conformação, eficiência na conversão alimentar, precocidade e ganho de peso.
“Chegamos a Madras em fevereiro de 1962. Em junho, o gado já estava comprado, mas, naquele ínterim, o Brasil cancelou a importação. A autorização saiu meses depois. Só pudemos voltar em novembro”, lembra-se Francisco José de Carvalho Neto, o Chico, aos 21 anos de idade, na época.
O desembarque em Noronha foi um desastre. A começar pela quarentena do gado, que acabou durando oito meses. “Acabou a ração, o gado quase morreu. Depois, em Recife, com os navios cheios de ração, as autoridades prendem a embarcação durante dois meses. Foi um prejuízo danado”, conta Chico Carvalho.
Rubico e Torres foram até Brasília falar com o ministro da Agricultura do governo João Goulart. Em 48 horas, o Ministério liberou a autorização para comprar a ração do gado. Em setembro de 1963, finalmente, o zebu da Índia desembarcou em Santos.
A “virada da pecuária”, como foi chamada a evolução dos plantéis em bases empresariais, viria décadas mais tarde, resultado da aplicação continuada de capital em genética. E alçaria os currais brasileiros a índices de produtividade comparáveis aos melhores e maiores do mundo.