História
Em 1918, Francisco Jose de Carvalho (Chiquinho) trouxe animais da Índia, em importação realizada pelo governo João Pinheiro.
Em 08 de Abril de 1920, já com rebanho de qualidade e fornecendo reprodutores a terceiros, Chiquinho Carvalho registra sua marca “F” no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio da cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal.
Na época as raças zebuínas mais utilizadas eram Gir, Guzerá e Indubrasil, mas Chiquinho Carvalho, já via o potencial do Nelore e o elegia como sua raça preferida.
Em 1935, Chiquinho Carvalho e seu filho Rubens de Andrade Carvalho (Rubico) criavam em sociedade um rebanho nelore de qualidade que com o tempo foi acrescido por aquisições feitas de Nicolau Jerônimo de Paula, Rodolfo Machado Borges e João de Castro, nomes de prestigio da raça.
Em 1938, o rebanho foi transferido para a Faz. Cabaçal em Uberaba onde foi selecionado e melhorado por 10 anos.
Rubico muda-se para Barretos em 1948 e em sociedade, agora com seu irmão João Humberto trazem o rebanho de Uberaba para a Faz. Limoeiro, onde também trabalhavam com agricultura.
Chegaram a ter 600 animais Nelore registrados.
Na Faz. Limoeiro, novas aquisições feitas a Nenê Costa, Otavio Ariani Machado e Durval Garcia Menezes, ajudam o rebanho a dar um grande salto.
No seu trajeto diário de trem de ferro de Barretos para a Faz. Limoeiro e vice versa, Rubico passava pelas terras de Godofredo Machado.
Eram 585 hectares de terras férteis e boas para criação de gado.
Rubico olhava e pensava: "...quando puder, vou comprar esta fazenda e aqui criar meu gado Nelore".
A Faz. Brumado foi adquirida em 1954.
Em 1962 Rubico Carvalho convida seu tio Veríssimo Costa Jr. (Nenê Costa) para fazerem em sociedade, aquela que seria a última e principal importação de gado vivo da Índia.
Numa verdadeira epopéia, foram trazidos para o Brasil os reprodutores e matrizes que hoje imprimem as características da moderna criação do Nelore nacional.
Nenê Costa e o filho mais velho de Rubico, Francisco Jose de Carvalho Neto, ficam 9 meses na Índia, comprando animais das raças Ongole (Nelore), Gyr (Gir), Kankrej (Guzerá), e Kangayan, búfalos Jaffarabad, cabritos, galinhas e plantas.
De Nelore foram compradas 30 vacas e vários machos, onde se destacavam Godhavari, Gonthur, Taj Mahal, Everest, Godar, Nagpur, entre outros.
O navio Cora desembarcou o gado na Ilha de Fernando de Noronha dia 1º de janeiro de 1963. A quarentena na ilha consumiu 9 meses, que aumentou o gado para 41 fêmeas e 20 machos.
As dificuldades do quarentenário foram enormes, pois Fernando de Noronha não tem porto. O gado do navio foi colocado em chatas e dali até a praia. A alimentação do gado, vinha de Recife e o desembarque era feito da mesma maneira.
Os importadores contaram com a colaboração dos moradores da ilha e compraram tudo o que o gado pudesse comer, mandioca, bananeiras, enfim, qualquer coisa que pudesse evitar que o gado vindo da Índia, morresse de fome no quarentenário brasileiro.
Felizmente a greve acabou e finalmente em Setembro de 1963 desembarcam no porto de Santos, os animais que mudariam a historia da pecuária brasileira. Esta importação foi realizada pelos criadores Rubens de Andrade Carvalho, Veríssimo Costa Jr., Torres Homem Rodrigues da Cunha, Celso Garcia Cid e Jacintho Honório da Silva Filho.
Para ilustrar a importância da importação de 1962/63, segue o depoimento do Dr. Alberto Alves Santiago, que foi Diretor da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e autor de vários livros sobre as raças zebuínas, sendo o maior historiador da pecuária brasileira:
“Os homens que foram a Índia em 1962, eram grandes conhecedores de zebu. Touxeram para o Brasil o que havia de melhor. Isso teve uma influencia extraordinária no melhoramento do Nelore. A boiada que pesava entre 13/14 arrobas antes de 1964, passou para 17/18 arrobas nos anos 70. Quem ganhou foi o Brasil”. Alberto Alves Santiago no livro Gado Nelore – Cem anos de Seleção.
Outro importante depoimento é a carta enviada em 22 de Junho de 1996 pelo Dr. Miguel Cione Pardi à Rubico Carvalho sobre a importação da Índia quando o Dr. Pardi era o Diretor Geral do Departamento Nacional da Produção Animal do Ministério da Agricultura.
Seguem alguns trechos da carta:
"Prezado amigo Rubico.
Nos meus 84 anos, reuni os colegas que me sucederam na Inspeção Federal no Frigorífico Anglo de Barretos e analisamos os dados de mais de 7 milhões de zebuínos abatidos em Barretos.
Estou lhe enviando um exemplar do trabalho.
Sempre me havia sensibilizado a sua lisura e do nosso querido Sr. Nenê Costa, frente a minha intransigente posição quando Diretor Geral do Departamento Nacional da Produção Animal do Ministério da Agricultura.
Felizmente valeu a persistência dos que tinham visão nítida dos rumos do Nelore em favor da nossa pecuária de corte e tendo em vista que nada ocorreu em relação a sanidade, que tanto nos preocupava, podemos nos julgar hoje felizes pelo desfecho.
Os números apresentados constituem a prova mais concreta da evolução do zebu no Brasil e a participação vitoriosa do Nelore.
Um melhoramento tão acentuado, tão rápido, em pastagens de gramíneas possivelmente, não tem paralelo no mundo zootécnico.
Um abraço e minhas excusas por ter estado em campos opostos."
Miguel Cione Pardi
Após a importação, o trabalho foi expansão do gado POI (Puro de Origem Importada) e o uso dos reprodutores importados e seus descendentes no gado Nelore que já era criado na Faz. Brumado.
O rebanho foi criado separadamente. A numeração dos animais também foi separada e o gado descendente de antes da importação continuou a ser marcado com a marca “F” e Rubico criou a marca estrela com 4 pontas para identificar o gado indiano e seus descendentes.
Essas marcas são conhecidas e reconhecidas por todos criadores brasileiros e de outros países.
Hoje, praticamente a totalidade dos animais Nelore do Brasil descendem dos animais vindos da Índia em 1962/63.
A continuidade e o aprimoramento do rebanho se deu através do trabalho diário de seleção, da dedicação dos funcionários e do uso constante e ininterrupto das mais modernas tecnologias disponíveis para o melhoramento genético do rebanho em mais de um século de seleção.
Em 1968, a inseminação artificial começa a ser usada no rebanho.
Em 1976 é realizado o primeiro Leilão Nova Índia – Brumado.
Em 1980 começa o trabalho com transferência de embriões.
Em 1993 é registrado o primeiro animal da raça Nelore nos EUA, de propriedade de Rubico Carvalho.
Em 1998 inicia o trabalho pioneiro com Fertilização In Vitro (FIV).
Em 1998 é registrado o primeiro Nelore pela ABCZ na Índia, de propriedade de Rubico Carvalho.
Em 2004 Jeru FIV Brumado é consagrado Grande Campeão da 70ª Expozebu e se torna um dos principais raçadores do Nelore.
Em 2006 a Faz. Brumado manda para a Austrália material dos seus principais raçadores para avaliação de maciez e marmoreio da carne através de marcadores moleculares/DNA sendo a primeira seleção de zebuínos a usar esta técnica no Brasil.
Em 18/07/2009 Rubico Carvalho falece em Barretos aos 92 anos de idade.
Rubico Carvalho deixou a esposa, Joana Neli Prata Carvalho e seis filhos; Francisco Jose de Carvalho Neto, Jose Eduardo Prata Carvalho, Maria Tereza Carvalho Garcia Cid, Maria Elisabete Prata Carvalho, Antonio Jose Prata Carvalho e Jose Rubens de Carvalho, todos pecuaristas.
Joana, sua esposa faleceu em 26 de Outubro de 2010, também aos 92 anos de idade.
Antonio Jose Prata Carvalho (Tonico), é o quinto filho de Rubico e Joana e aos 6 anos de idade mudou-se para a cidade de São Paulo juntamente com a mãe e os irmãos.
Em 1973 começa a fazer as comunicações de nascimento e cobertura do rebanho. De 1973 a 2009 foram 36 anos de aprendizado e trabalho ininterruptos com seu pai, Rubico.
Neste meio tempo, além de trabalhar com seu pai, Tonico fez sociedade com o empresário carioca Helio Paulo Ferraz, proprietário da Agropecuária Boa Vista.
Posteriormente participa também da sociedade Marco Antonio Raduan.
A Boa Vista foi integrante do Leilão Nova Índia – Brumado desde sua primeira edição juntamente com Nenê Costa, Rubico Carvalho e Orestes Prata Tibery Jr.
O rebanho da Boa Vista era composto por animais POI de origem de Rubico Carvalho, Nenê Costa, e da Faz. Indiana de Durval Garcia de Menezes. Outra parte do rebanho era de animais Nelore Mocho.
A Boa Vista adquiriu a totalidade do rebanho mocho de Durval Garcia de Menezes (Faz. Indiana), sendo este um dos mais antigos planteis do país.
O uso de reprodutores de Ovídio Miranda Brito e Geraldo Ribeiro de Souza na excelente vacada da Faz. Indiana culminaram com os Grandes Campeonatos Nacionais em Uberaba 1990 e 1991 com os reprodutores Paiol e Quebrado da Boa Vista.
Em 1992 foi realizado o Leilão de Liquidação dos rebanhos POI e Mocho da Boa Vista.
A paixão por Zebu sempre levou Tonico a criar diferentes raças, fez o registro nº 1 do Nelore Mocho variedade de pelagens. Criou a raça Kangayan, tendo ganho um macho e duas fêmeas do amigo Chico Amendola. O gado Kangayan foi posteriormente vendido para o preservador das raças indianas Arlindo Drumond.
Criou Gir durante anos e participou da primeira importação de Brahman para o Brasil em sociedade com o irmão Rubikinho e o V8 Ranch do Texas. Em 1977, juntamente com seu irmão Francisco Jose, Tonico faz sua primeira viagem à Índia, a pedido do pai, Rubico, para analisarem a situação da raça Nelore em seu país de origem.
Mais 9 viagens à Índia até 2010 foram realizadas; inclusive a da ABCZ e do Ministério da Agricultura em 1998 quando foi concedido o registro nº 1 do Livro Especial de Importação ao raçador Anupalem de propriedade de Rubico Carvalho.
No intuito de continuar a criação e preservar o banco genético trazido da Índia em 1962 por Rubico Carvalho, Tonico criou o “Projeto POI Brasil” juntamente com os sócios, Fernando Farias, Pedro Novis e Jaime Pinheiro.
Foram adquiridas na Liquidação Brumado 22 fêmeas e 3 machos da mais alta qualidade e de varias linhagens, com variabilidade genética suficiente para a continuidade do trabalho de seleção.
Os animais estão alojados na Fazenda Brumado, onde nasceram e foram criados.
Vencido o prazo determinado no contrato, os sócios Jaime Pinheiro e Pedro Novis receberam suas respectivas cotas em animais continuando a parceria com os sócios Tonico Carvalho e Fernando Farias.
Está sendo feito o trabalho de multiplicação através de FIV e os nascimentos havidos nos levam a crer que o trabalho iniciado em 1918 por Francisco Jose de Carvalho e impulsionado por Rubens de Andrade Carvalho em prol do melhoramento da pecuária se mantém firme e atual.